A tentativa de busca da data natalícia de Luiz de Camões parece vir do próprio século em que o poeta viveu. No princípio do séc.XVII, predominava a doutrina de que o seu nascimento fora em 1517, versão que Manuel de Faria e Sousa, e o seu grande biógrafo, a princípio adoptou, vindo depois a doptar a de 1524 ou 1525, baseado em certo documento que se encontrou no arquivo da Casa da Índia que o governo de Madrid, quando do domínio dos Filipes, transferiu de Lisboa para aquela cidade. Faria de Sousa viveu, nessa época, em Madrid e aí manuseou o dito arquivo. Achou uma relação, feita por um particular, das pessoas mais notáveis que foram servir à Índia, na carreira de armas, e desde que foi estabelecido o domínio português naquelas paragens. A relação fora escrita no séc.XVI e encontra-se hoje na Biblioteca Nacional de Lisboa, faltando-lhe, todavia, aquelas páginas em que estaria inscrito o nome de Camões. Aí dizia, segundo Faria de Sousa, que o poeta se inscrevera para embarcar em 1550 contando, ao tempo, 25 anos de idade, sendo mancebo, e ficando por fiador do seu pai, Simão Vaz. Era seu nome Luiz Vaz de Camões. Apesar deste achado, a hipótese do nascimento do poeta em 1517 não caducara, e alternara com a de 1524 ou 1525, até o século XIX, em que com justa razão, ams com uma certa reserva, assentaram que nascera em 1524. O mês e o dia não preocuparam ninguém até às locubrações de Teófilo Braga. Foi este homem que tentou pela primeira solução nesse sentido, e se não acertou em absoluto, andou-lhe notávelmente perto. Inferiu o nascimento de Camões para 4 ou 5 de fevereiro de 1524. Cometera um erro de 11 ou 12 dias apenas. Teófilo poucos dados possuía para chegar à conclusão a que chegou, fazendo apenas um plano astral. Por seu lado Camões, trabalhou bastante o universo dos astros, através da sua poesia. O exemplo oferecido por Gil Vicente, das alusões horoscópicas em verso, teve eco na sensibilidade de Camões, que não apenas traçou o quadro da distribuição planetária e respectivas intenções astrológicas do dia em que nasceu, como outro tanto deixou acerca da mulher que amou, e do dia em que principiaram os seus grandes amores. Gil Vicente havia feito referências astrológicas a várias pessoas reais da corte de D. Manuel, o Venturoso, e que passaram através dos seus autos. O modelo de Gil Vicente astrólogo, reflectido em Camões, deu os melhores frutos. Recordou este, com suavidade superior, as posições planetárias no horóscopo daquela mulher que muito amou, e que tinha o Sol por estrela de nascimento. Camões fez incidir a sua descrição sobre as posições dos planetas dos signos: e sempre de um modo mais poético e velado que Gil Vicente.A canção "Nem Roxa Flor De Abril", é uma canção de horóscopo, relativa ao nascimento da sua mágica Medeia, a amada Circe. Esta mulher é, ela mesma, a roxa flor de abril, por ser este o mês do seu nascimento, e por ser rósea a cor da sua tez.
in ««Memórias Astrológicas de Luis de Camões»»
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