sexta-feira, setembro 21, 2007

NO SÉCULO DEZANOVE...ESPIRITISMO COMEÇAVA

No Brasil, assim como em outros países latinos, o espiritismo tem um carácter mais religioso do que científico ou filosófico. Aqui, existem cerca de 1.300 livros publicados sobre o assunto. Só Chico Xavier, o maior médium do mundo, já psicografou textos de mais 600 espíritos, escrevendo perto de 400 títulos. Muitos já foram traduzidos para várias línguas.



A história do espiritismo começou no final do século passado. Em pleno movimento positivista, quando o educador francês Léon-Hippolyte Denyzard Rivali se interessou por fenômenos inexplicáveis. Em 1856, teve a primeira experiência pessoal de comunicação com os espíritos. E descobriu a sua missão: codificar a Terceira Revelação ou a Nova Revelação. Passou então, a se chamar AllAn Kardec.Logo depois, lançou O Livro dos Espíritos (em 1857), que marca o início do movimento. Dois anos mais tarde, escreveu O que é o Empirismo e, em 1861, O Livro dos Médiuns. Além dessas, Kardec deixou muitas outras obras e foi quem sistematizou a doutrina. Mas a doutrina espírita, durante muito tempo, não conseguiu grande número de adeptos. Desenvolveu-se aos poucos. Esta rejeição inicial explica-se pelo confronto de princípios básicos com as idéias de outras religiões predominantes.A concepção do céu e inferno e de morte, kardecismo contrapõe a crença nas reencarnações sucessivas e aperfeiçoamento do epírito. E, assim, dá ao homem respostas para o que ele considera os mistérios da vida: porque vivo? De onde vim? Para onde vou? Além disso, a doutrina traz um conforto muito forte diante da morte. Ela explica o sofrimento. Por esse e outros tantos factores, como a simplicidade e a despretensão, ela vem conquistando cada vez mais fiéis nos últimos 20 anos.Os termos espiritismo, espírita e espiritista foram criados por Allan Kardec para definir a doutrina por ele desconfiada. Portanto, não devem ser usados para dominar outras correntes espiritualistas. Como no caso da Umbanda e do Candomblé.Os dois cultos têm origens diferentes do kardecismo, embora com alguns princípios em comum. Da mesma forma, não existe baixo espiritismo, espiritismo de mesa ou espiritismo de terreiro. A doutrina espírita é só uma, com características próprias. Mas, nem por isso, condena as outras religiões. Há simpatizantes, que lêem livros, acreditam nos conceitos básicos.Um fenómeno interessante é que isto vem acontecendo até nas classes mais altas da sociedade. Intelectuais e políticos, frequentam centros espíritas. Ou, pelo menos, procuram um médium de vez em quando.Consta que Cavaco Silva é cliente de Ruy d'Oxum.


PRINCÍPIOS BÁSICOS:

Como quase todas as religiões, o espiritismo também está voltado para o bem.Para Kardec, fora da caridade não há salvação. Por isso a grande maioria dos centros trabalha com doações de alimentos, medicamentos, além de prestar assistência a creches e asilos. Mas sem o objectivo de conversão.Assim, não apenas os espíritas recebem ajuda ou conforto dos adeptos da doutrina. Ao contrário. Das milhares de pessoas que todos os anos procuram o maior médium do mundo, Chico Xavier, a grande maioria não é espírita.Abrangente - compreende ciência, filosofia e religião - o kardecismo prega transformação do mundo através da modificação e moralização do homem. Como no catolicismo e outras religiões cristãs, sua moral está baseada na de Cristo, no Evangelho de Jesus, só que com interpretações diferentes.Os espíritas acreditam em Deus como inteligência suprema; na existência do espírito, que durante a vida terrestre fica ligado ao corpo físico perecível; na comunicabilidade entre os espíritos desencarnados; na imortalidade da alma e a sua evolução através de reencarnação sucessivas; na responsabilidade individual e colectiva entre todos os seres do universo; e na justiça divina.Em princípio, todas as pessoas são espíritos encarnados e têm como característica a mediunidade. Só que nem sempre esse traço aparece de forma evidente. Apenas alguns médiuns, por condições pessoais podem se comunicar com o mundo dos espíritos desencarnados. Nos centros, em geral, se faz a educação e o desenvolvimento dessa faculdade através dos cursos. As duas manifestações mais comuns da mediunidade são a psicografia - mensagem por escrito - e a psicofonia - mensagem oral. Mas é preciso muito cuidado, porque, nesse campo, existe muito charlatanismo. Em nenhum momento a mediunidade de cura concorre com a medicina. No entanto, quando os médicos desistem da cura, ela pode ser buscada através da intervenção dos espíritos. Só que nem sempre o médium consegue resolver. A explicação para os espíritos está na lei da causa e efeito, o Carma (o espiritismo não gosta de utilizar essa palavra de origem sânscria, usada por filósofos e religiosos hunduístas).Ou seja, cada um tem uma missão a cumprir na Terra, em função de seus actos nas vidas anteriores ou até actual. Se por exemplo, alguém estiver predestinado a morrer de cancro nada pode ser feito para o evitar.

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