Em Almada mora um homem que foi oficial do Reich e a quem cabia a tarefa de entregar o “sabonete” às mulheres e crianças que ele levava, nus, até aos balneários. Era o “sabonete” da morte.
Tal tirania ficou injustiçada. Portugal acolhe tiranos e ignora-os sem punição.
Este homem mora em Almada, na parte velha da cidade e incomoda o quotidiano dos cidadãos com quem priva e o conhecem. Fugiu de Almada nos anos 40, ainda adolescente e alistou-se na Legião estrangeira. Depois “passou-se” para as tropas alemãs e ao serviço do Hitler virou tirano assassino.
“Judeus em Portugal” é um livro de Irene Pimentel, sobre a II Guerra Mundial , Hitler e o
Holocausto Nazi”. Narrativa de uma História em que Salazar intervem e por crueldade tentou abafar. Aí se referem os judeus que se refugiaram em Portugal por solidariedade de Aristides Sousa Mendes o português, cônsul, que salvou tantas vidas e a quem os esbirros de Salazar perseguiram.
Portugal, enquanto país de trânsito para milhares de judeus, é o tema abordado pela historiadora Irene Pimentel Nesta, autora deste livro.
Os primeiros passos da investigação da autora advem do contacto com cidadãos judeus, refugiados na década de 40 em Portugal. Muitos por cá ficaram.
“A partir daí nunca mais me desliguei do assunto”, refere a autora que investiga, agora, organizações femininas no Estado Novo e a actividade da PIDE-DGS, de 1945 até 1974.
Conclui então que “apesar de tudo, muitos refugiados passaram por Portugal durante o tempo da guerra, 50 e 70 mil refugiados. Ao certo o número nunca se apurará uma vez que a PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, (mais tarde PIDE), detentora de todos os ficheiros políticos, os destruiu.
Muitos desses refugiados partiram para Moçambique, Angola, e outras zonas de África. Registaram-se casos de perseguições e prisões pela PVDE, de entre os quais 6, alemães, judeus, polacos enviados às masmorras do Tarrafal. Mais por serem comunistas do que por serem judeus. Salazar não podia ignorar. Um deles fora denunciado à PVDE e quando foi apanhado numa rusga tinha no bolso um jornal “O Avante”, órgão oficial do Partido Comunista Português na clandestinidade, editado em papel bíblia e em formato menor do que um A5.
Os agentes da Gestapo permaneciam em Portugal, bem como elementos dos seviços de espionagem das Forças Aliadas. Portugal era um ninho de espiões. Três dos refugiados foram raptados pela Gestapo. O judeu socialista Bertol Biakof foi raptado pelos agentes nazis em Lisboa, em pleno dia, na Rua do Ouro. Enfiaram-no num carro, levaram-no para a Alemanha e acabou por morrer num campo de concentração. Dos que ficaram em Portugal Salazar consentiu condena-los a residência fixa em Caldas da Rainha, Figueirada Foz e Ericeira. Não em campos de internamento ou concentração, como na época se supunha, mas detidos em pensões e hoteis, de onde só podiam sair com autorização da PVDE.
Irene Pimentel, autora da obra que revela segredos até agora não ditos, abriu-nos caminho para que a este espaço trouxéssemos, dentro de dias, uma narrativa de uma sessão espírita onde o médium de incorporação diz ter sido Salazar quem desceu para falar.
Fique atento às próximas páginas deste seu jornal “Mistérios do Além” onde o insólito marca presença.
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