quarta-feira, setembro 05, 2007

Fred Montcristo

Nunca fui homem para lamechices. Mas um dia encontrei uma mulher que me entonteceu.
Fiquei preso a ela.
E em certa noite aconteceu uma coisa extraordinária.
Fechado em meu quarto, na solidão habitual, pensava nela.
Desejei sentir o calor do seu corpo, seios colados a mim.
Quem me disse que o nosso “espírito” não tem vontade própria? Que não nos pode levar a locais estranhos e impossíveis?
Aconteceu algo intrigante.
Três horas da manhã. Em casa todos dormiam. Só eu, roído pelo desejo me mantinha desperto.
Cerrei as pálpebras e tentei descansar.
Qual quê! Pensava nela obstinadamente. E o insólito aconteceu, um mistério além que jamais entenderei.
Vi-me, de súbito, numa cave. Vi dois corpos em descanso. Era ela e um homem.
O meu “espírito” saíra de casa. Atravessou meia cidade. Conduziu-me ali onde a minha amada dormia noite após noite, depois de um dia de trabalho.
O corpo do homem desaparecera. Desnudada, sensual, descoberto o corpo que acariciei na luxúria da minha imaginação febril, qual príncipe apaixonado.
Remexi os seus cabelos ondulados. Beijei com paixão o seu corpo. Deitei-me ao seu lado.
Os nossos lábios colaram-se. Sensação demasiado forte para alucinação. Eu sentia. Sentia literalmente aquele momento.
Ela, que correspondeu ao beijo, continuava a dormir. Embriagado de volúpia colei meu corpo ao dela, e perdi-me, perdi-me extasiado e ofegante. Não era miragem. Os nossos corpos entrelaçavam-se de desejo incontido.
O suor, provava a ébria vontade de a amar, molhando a noite nas trevas daquela madrugada apaixonante, de alucinantes orgasmos. Gemia de loucura às minhas carícias.
Olhei-a mais uma vez.
Eu não acreditava em isolamentos de espíritos, ocultismos fantasiosos e histórias de ilusões perdidas, mas embrulhei-me naquela sensação desejando que não terminasse.
Ela dormia. Reagia mas não acordava. Insisti. Continuámos. Separamo-nos, lentamente, saboreando o prazer.
O homem que eu vira voltava a estar a seu lado. Deitado…
Voltei abruptamente às quatro paredes do meu quarto, como se o espírito estivesse longe e voltasse ao meu corpo.
Nas noites seguintes tentei fazer o mesmo. Não voltei a conseguir. Ainda estou confuso.
Procurei-a depois. Vivemos em comum. Nas nossas cenas de amor a sensação era igualzinha à daquela misteriosa noite.
Não duvido nem por um segundo que isto aconteceu e é verdade!
Eu já a procurava antes de a conhecer. Conhecia-lhe as capacidades e uma noite, ela telefonou-me para me prevenir que algo de mau se passava comigo. Evitou-me um acidente.
Ela herdou, da família, poderes paranormais. Também os meus parentes “mos deixaram”.
Para que não houvesse dúvidas, o meu corpo ficou impregnado do seu cheiro, e a seiva da vida ainda escorria por mim.
Quem pode negar que já fiz amor em espírito com a mulher que até hoje mais amei na vida?

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